TEMA ESTUDOS COMO INTERPRETAR A BÍBLIA



-INTRODUÇÃO:A Bíblia é autoexplicativa. Um texto explica o outro. Às vezes é preciso reler um mesmo texto repetidas vezes até descobrir seu significado. Mas o a explicação está ali, basta procurar. Além disso, o Espírito Santo, que inspirou a escrita (II Pedro 1.20), também releva o seu significado penetrando no mais profundo de nosso ser (Hebreus 4.12).
Para interpretar a Bíblia corretamente é preciso muito estudo (João 5.39), para entender (Mateus 24.15) e manusear bem as Escrituras (II Timóteo 2.15). Existem tesouros precisos nos esperando na Palavra de Deus (Mateus 13.45,46).
Como interpretar a Bíblia?
Alguns princípios orientadores para a interpretação Bíblia são:


1- Conhecimento geral da Bíblia:
Procure saber mais sobre o tema de cada livro da Bíblia, seu autor e quando foi escrito. Estas informações podem ser encontradas na introdução dos livros em Bíblias de estudo ou em enciclopédias de estudo bíblico.
Por exemplo:
-Gênesis: A história do começo.
-Êxodo: Saída do Egito par a terra de Canaã.
-Reis: A história dos reis de Israel.
-Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João): Descrição dos ensinamentos, milagres e sobre a vida de Jesus Cristo, contado pelos evangelistas, cujos autores são os nomes do livros.
-Atos dos Apóstolos: a história da Igreja Primitiva, de como o evangelho foi divulgado pelos primeiros cristãos. Escrito por Lucas.
Comece lendo a Bíblia pelas partes que você tem mais facilidade, como Salmos, Provérbios e os evangelhos. Depois continue lendo outras passagens à luz do que já estudou. Assim que possível, faça um propósito de ler a Bíblia completa. Folheie sempre sua Bíblia percebendo a disposição dos textos para ter mais intimidade com o livro e memorizar sua organização.
Para conhecer mais sobre os livros da Bíblia, estude o PANORAMA BÍBLICO.
2- Texto e Contexto:
Certa vez ouvi que “texto sem contexto é pretexto”. Não podemos ser desonestos com o texto bíblico, precisamos buscar fundamentação na Palavra de Deus. A palavra ‘texto’, etimologicamente está ligada à palavra ‘tecido’, com sentido de uma costura de palavras. O intérprete é como um ‘tecelão’ que desfia e tece o texto.
Procure conhecer em que contexto foi escrito, ou seja, o que estava acontecendo quando o autor escrevia o texto. Basta uma leitura mais cuidadosa para descobrir estes fatores. Às vezes é preciso recorrer ás referências citadas no texto ou então reler partes anteriores do mesmo. O assunto pode ter começado no capítulo anterior e se concluir em capítulos adiante. Somente lendo todo o contexto, será possível saber toda a história.
Por exemplo, o texto do Salmo 51, que é uma oração de arrependimento de Davi, foi escrito no contexto do seu pecado com Betesseba, descrito em II Samuel 11 e 12. Sabendo disso, se torna possível compreender melhor o texto do salmo, bem como saber o seu desfecho histórico e espiritual.
Alguns textos são introduzidos com seu contexto, como em Isaías 6.1, quando o profeta teve um poderoso encontro com Deus, resultando no seu chamado profético. O texto deixa claro que tudo aconteceu “no ano da morte do rei Uzias”, ou seja, em meio a uma grande crise em toda a nação, Deus levanta Isaías para profetizar.
Um trecho é chamado de PERÍCOPE, que pode ser encontrada pelas subdivisões apresentadas nos capítulos, mas que deve ser analisada com cuidado para não dividir o texto incorretamente. A perícope é um trecho completo, com uma mensagem ou história. Evite dividir uma perícope. O melhor é fazer a leitura total do trecho.
Um texto do Antigo Testamento está sob o contexto da Lei, na Velha Aliança (Hebreus 8). Um texto do Novo Testamento está sob o contexto da Graça, sob a Nova Aliança em Cristo. Saber diferenciar isto, evita muitas confusões.
3- Linguagem do Texto:
Cada texto tem uma linguagem apropriada. Dependendo do texto, pode-se perceber o sentimento do autor ou o clima que o fato ocorreu. Então é importante tentar sentir o teor da linguagem utilizada.
Os livros da Bíblia estão agrupados de acordo com o assunto. Esta disposição foi organizada nas Escrituras para facilitar a leitura.
No Antigo Testamento, os primeiros cinco livros formam o Pentateuco, que são os livros da lei. Depois vêm os livros Históricos, depois os livros Poéticos e então os livros dos Profetas.
No Novo Testamento, os primeiros quatro livros são os Evangelhos, depois vem o texto Histórico de Atos dos Apóstolos, então uma série de Cartas do Apóstolo Paulo, seguidas de outras Cartas Pastorais de outros Apóstolos e por fim o livro de Apocalipse que é um texto de revelação.
Percebe-se uma progressão literária nos textos. Começando o A.T. com lei, depois história, depois poesia e então profecia. Também o N.T. começa com a descrição da vida de Jesus nos evangelhos, depois a história da Igreja, em seguida com orientações pastorais práticas e por fim com as revelações apocalípticas. A leitura se torna cada vez mais fácil à media que vamos estudando.
Uma coisa é ler uma lei e outra uma história, uma poesia ou uma profecia. Por isso, a leitura se torna diferente de acordo com a linguagem utilizada.
4- Referências Bíblicas
As referências Bíblicas apontam para textos similares ou que tenham a ver com o assunto. O propósito das referências é criar ‘links’ entres textos comuns. Podemos encontrar referências nos rodapés das bíblias de estudo que nos levam a outros textos que falam do mesmo assunto.
Por exemplo, o texto de Isaías 53 se refere ao sacrifício de Cristo, descrito em Mateus 27. Logo em seguida vemos o mesmo texto citado no encontro de Felipe e o Eunuco, em Atos 8.32,33. Mais adiante, em Hebreus 9.11-28 o mesmo contexto é explicado de forma mais abrangente.
Se você ler estes textos separadamente, terá uma compreensão limitada dos mesmos, mas se fizer uma ligação entre eles, estudando-os, então poderá entender melhor o seu significado.
A Bíblia tem muitos textos paralelos que dizem a mesma coisa em livros diferentes, por autores diferentes e consequentemente com óticas distintas. Isso não desvaloriza, mas enriquece o texto. Um autor pode citar detalhes que outro autor não descreveu. Deste modo, um texto completa o outro, formando o contexto bíblico.
5- Palavras Chave:
As palavras chave são expressões importantes do texto. Descobrindo a palavra chave, o texto pode ser dissecado facilmente. O tema também é mais corretamente orientado pela palavra chave.
Em diversas perícopes, existe um termo que é enfatizado através da repetição da mesma. Por exemplo, em I Coríntios 13, a palavra amor é o tema de todo o capítulo e em Deuteronômio 28 as expressões bênção e maldição que indicam o tema da obediência.
Além de encontrar a palavra chave do texto é preciso saber o seu significado. Outro exemplo está em João 15, onde a palavra ‘videira’ está em evidência. Neste caso também é necessário discernir o sentido da expressão e entender que se trata de uma planta que produz uvas, mas que está representando a pessoa de Jesus.
A Bíblia é um livro escrito para o povo. Os autores bíblicos, em sua maioria eram pessoas simples e mesmo os mais cultos, sempre estavam interessados em que o texto fosse compreendido facilmente pelo povo. Por isso é fácil a compreensão, desde que se aprenda a estudar corretamente.
As palavras chave são muito usadas pelos autores bíblicos para mostrar com clareza o sentido do texto. O propósito é fazer lembrar pelo menos uma palavra de todo o texto.
6- Diálogo com o texto:
Antes de perguntar para qualquer pessoa, pesquisar em qualquer livro ou tirar conclusões, deve-se perguntar ao próprio texto para saber as circunstâncias do texto. Passe o texto por uma prova de INTERPRETAÇÃO com perguntas básicas a respeito do mesmo.
Para uma boa mensagem é preciso primeiro entender o texto Bíblico e para isso é necessário fazer uma interpretação do contexto. Conversar com o texto é uma prática que facilita grandemente sua compreensão.
Perguntas para fazer ao texto:
-O quê? De que assunto trata o texto ou o que aconteceu.
-Quem? As pessoas que são faladas no texto. Você pode copiar os nomes delas fazendo uma lista ou grifar no próprio texto.
-Quando? Se texto mostra em que momento aconteceu ou que período estava sendo falado.
-Onde? Local onde aconteceu o fato ou foi escrito o texto.
-Como? Alguns detalhes de como aconteceu tudo ou o que está sendo dito no texto.
-Por quê? O objetivo da mensagem ou seu significado prático para a época e para as pessoas que são faladas no texto e como pode servir para nós hoje.
Nem todos os textos trarão estas respostas claramente, sendo necessário ler mais profundamente ou pesquisar em livros de referência. Mas a maioria dos textos bíblicos pode-se encontrar muitas destas respostas.
Muitas coisas que a Bíblia não traz respostas são mistérios de Deus (leia Deuteronômio 29.29), mas devemos focar naquilo que as Escrituras deixam claro para nosso conhecimento. O propósito destas lacunas de informações é nos fazer mais humildes, reconhecendo a Grandeza de Deus. Mesmo assim, os intérpretes da lei, no tempo de Jesus eram pessoas vaidosas e arrogantes por se acharem conhecedores das escrituras (Mateus 7.1-5).
Se gastarmos a vida toda estudando tudo o que foi revelado na Palavra e mesmo assim não conseguiremos esgotar seu conteúdo tão profundo (João 21.25).
7- Ferramentas:
Deus honra o preparo e o estudo da Bíblia. Por isso Jesus disse que devemos “examinar as Escrituras” (João 5.39) e o apóstolo Paulo orientou Timóteo: “maneja bem a Palavra da verdade” (II Timóteo 2.15). Por isso é importante a pesquisa constante na Palavra de Deus, que é uma fonte inesgotável de sabedoria.
Aos poucos, você pode formar uma pequena biblioteca de estudo, para ter acesso a materiais de auxilio como:
Bíblias de Estudo: são bíblias com comentários e com ênfase no estudo bíblico.
Traduções: são Bíblias de versões ou linguagens diferentes, por exemplo RA (Revista e Atualizada), RC (Revista e Corrigida) e NVI (Nova Versão Internacional).
Comentários: são livros explicativos dos textos bíblicos que auxiliam na compreensão do texto e do contexto.
Dicionários: tanto com vocabulários comuns e dicionários especificamente bíblicos.
Concordâncias: ou ‘chaves’ bíblicas são ricos para ajudar na pesquisa, pois são especializados em referências.
Mapas: podem ser encontrados em vários dos livros citados acimas, bem como nas Bíblias, mas existem livros especializados em geografia bíblica.
A importância do estudo acadêmico não exclui a dedicação espiritual, mas deve enriquecer com conhecimento. Nunca podemos excluir o caráter espiritual ou misterioso de um texto, que somente o Espírito Santo pode revelar.
É preciso tomar cuidado com materiais tendenciosos, ou seja, que tragam uma interpretação pronta. Embora pareça mais fácil, isso é perigoso. O correto é usar materiais de pesquisa que sejam imparciais e fiéis ao texto, deixando que o próprio leitor tire as conclusões.
Você pode entender a Bíblia!
-CONCLUSÃO:
Através da interpretação, podemos ir ao contexto do texto e voltar para o nosso próprio contexto, aplicando a mensagem à nossa realidade.
Alguns erros de interpretação que devem ser evitados:
-Não mude o sentido do texto, tentando ‘torcer’ para ter o significado que deseja. Aceite o que o autor está dizendo.
-Não queira dar respostas para coisas que não estão sendo ditas no texto, mas baseie-se apenas no que está escrito.
-Nunca tenha pressa. Um estudo minucioso demanda tempo e esforço. Muitas heresias são fruto de preguiça e despreparo.
A hermenêutica é a arte da interpretação. Como qualquer exercício, o estudo bíblico requer treino e esforço. Como uma cozinheira que sabe dosar cada ingrediente corretamente, mas para isso foi preciso muita dedicação. Assim deve ser o estudo constante da Bíblia.

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